O sexo entre idosos se tornou um grande tabu há tempos. Mas porque a sociedade muitas vezes não é capaz de aceitar o contato físico entre pessoas acima dos 60 anos?
A sexualidade nos idosos vai muito além do sexo propriamente dito, caracterizando-se também pelo afeto e por sentir-se homem e mulher. Na sociedade atual, a perda da individualidade do idoso é muito comum, acompanhada por uma concepção negativa do envelhecimento, onde a sexualidade deve ser deixada de lado pelo idoso.
Estima-se que no ano de 2025 o Brasil se torne a sexta maior população idosa do mundo, sendo que a faixa etária que apresentará maior crescimento é das pessoas cima dos 80 anos. Começamos a envelhecer estigmatizados pelo preceito de que o prazer sexual só é valido durante a juventude – o que é um grande mito.
As funções sexuais sofrem algumas mudanças após os 60 anos, de fato, mas isso não precisa ser um problema. Nos homens, o tempo de resposta sexual diminui, assim como o seu número de espermatozoides; Já entre as mulheres idosas as alterações começam a surgir com a menopausa e a diminuição da produção do estrogênio. Mas isso não significa que os idosos não tenham interesse ou condições físicas de se relacionarem sexualmente; a maioria ainda possui interesse sexual – e grande parte ainda é sexualmente ativa.
É importante ressaltar que nessa fase da vida, novos laços são feitos além do sexo, muitas vezes se sobressaindo na relação entre os idosos. O companheirismo, a afetividade, o amor e o carinho tendem a ser mais valorizado pelo casal, mas a sexualidade não se extingue, nascemos e morremos com ela.
Durante toda a vida os idosos são compelidos a ocultar seus interesses sexuais, sendo muitas vezes excluídos e esquecidos pela sociedade. Mas isso pode gerar consequencias sérias, pois muitos idosos acabam sendo oprimidos, podendo desencadear emoções negativas e até mesmo a depressão.
A sexualidade é caracterizada como a maneira com que uma pessoa expressa seu sexo, como a mulher vivencia o ser mulher e o homem o ser homem, seja por meio de gestos, da postura, da fala, do andar, da voz, das roupas, dos enfeites, do perfume… Resume Luiz Carlos Barbosa Rodrigues em seu estudo sobre as Vivências da Sexualidade em idosos. “Ao contrário do que muitos pensam “sexo” não é só a relação pênis/vagina, mas sim a troca de sons, cheiros, olhares, toques e carícias entre duas pessoas afetivamente ligadas”, define.
Ou seja, vale lembrar que a noção de sexualidade é muito mais ampla do que o contato de genitais. Também encontramos prazer através no afeto, carinho e o companheirismo entre pessoas que se amam.