Muitas pessoas não sabem, mas hoje já existe apossibilidade de deixar registrado tudo o que querem e desejam. Através de uma declaração que antecipa sua vontade, num conjunto de instruções especificando e detalhando quais procedimentos, a pessoa escolhe quais tratamentos e atitudes devem ser tomadas em determinadas circunstâncias onde você já não responde mais por si, ou está acometido de uma demência. Esse registro/documento se chama Testamento Vital.
Tendo a consciência da importância da música na vida do ser humano, sabendo que ela acompanha as várias fases da nossa vida, como uma verdadeira trilha sonora, nos trazendo lembranças, emoções, imagens, e tantas outras coisas, pode ser incluso neste testamento vital todas as músicas consideradas importantes na vida do indivíduo, ou seja, aquelas que fazem sentido para ele, que o acompanharam em várias situações, o acolheram, foram oferecidas, e que na presença de uma demência poderão auxiliar, quando ninguém souber responder por pela pessoa quais são seus gostos específicos.
Na Musicoterapia buscamos as potencialidades existentes no indivíduo com demência, utilizando a linguagem musical , estabelecendo conexões profundas, alcançando níveis de memória (pois a memória musical é a última a ser perdida) da mais arcaica até a recente, ocasionando momentos de bem-estar e prazer ao reviver passagens de sua história pelas trilhas sonoras cantadas/escutadas; e assim resgatando e reforçando sua identidade. O idoso com Alzheimer, por exemplo, consegue expressar-se musicalmente mesmo com o avanço do quadro demencial.
Há um poder na música que pode transcender a linguagem, pois as memórias musicais com frequência sobrevivem as habilidades verbais. Geralmente a memória categoriza nossas emoções frente a situações vividas.
Como diz Oliver Sacks: “A música certa pode servir para orientar e ancorar um paciente quando quase mais nada é capaz de fazê-lo”.
Pare e pense. Que músicas você colocaria no seu testamento vital?